fevereiro 27, 2017

[Livros] O Caminho Para Casa - Kristin Hannah

Título Original: Night Road
Autor: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro
Páginas: 352
Gênero: Romance, Drama, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788580416534
Classificação★★★★★
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O Caminho Para Casa é mais um dos excelentes romances escritos por Kristin Hannah. Esse drama familiar - sua especialidade - é complexo, denso e retrata a vida real de uma mãe e seus filhos adolescentes. Sob dois pontos de vistas opostos, a leitura nos oferece uma compreensão ampla da relação entre pais e filhos.

Nada poderia ter me preparado para o rumo que toma a história. Nem mesmo conhecendo o histórico da autora, que adora torturar seus leitores com o sofrimento de seus protagonistas, poderia imaginar o que me reservava essa estrada. Como uma curva na escuridão, Kristin Hannah abruptamente nos tira o chão e nos faz pensar sobre as consequências das nossas ações, em nossas vidas e nas vidas de quem amamos.

Mia e Zach são gêmeos e têm um relacionamento fraterno lindo. O laço que os une é inquebrável e, apesar de suas personalidades opostas, os dois se completam e contam um com o outro. Mia é frágil e tímida, sua dificuldade em fazer amigos contrasta com a alta popularidade do irmão. Sua dificuldade de socializar fez com que ela se tornasse extremamente dependente de Zach e, por isso, ambos planejaram suas vidas na mesma faculdade independente do que aconteça. 

No colégio, no entanto, Mia conhece uma garota nova, tão inadequada socialmente quanto ela e as duas rapidamente se tornam melhores amigas. Lexi tem um passado problemático, passando por várias famílias adotivas, a jovem nunca teve um lugar para chamar de casa. Quando conhece os pais de Mia e Zach, Lexi se vê próxima da felicidade e, mesmo que não seja parte daquela família, vê que existem pessoas que se amam e fazem tudo por seus filhos. 

Jude é a mãe dos gêmeos e sua história também é narrada de um ponto de vista privilegiado. Ela fez tudo o que podia para criar seus filhos da melhor maneira possível e os vê chegando na difícil fase da adolescência. Os corações partidos, amizades traiçoeiras e perigos da vida adulta a apavoram, mas depois de amar e proteger suas crianças por dezoito anos, não há mais como afastá-los do mundo. 

Em um relato sincero que só uma mãe dedicada como Kristin Hannah saberia fazer, O Caminho Para Casa é mais do que ficção, um desabafo. As mães - e os pais - que se preocupam tanto com seus filhos simplesmente os amam acima de todas as coisas e só querem que seus filhos nunca se percam. Afinal, a coisa mais triste do mundo é quando um filho não encontra o caminho de casa.

"- Ótima estratégia, Miles. Não fazer nada. E se descobríssemos que ele estava usando heroína?
- Não é heroína, Jude - retrucou ele, cansado.
- Não. É amor. Ao menos é o que ele pensa que é." (p. 101)

Sinopse: Durante 18 anos, Jude pôs as necessidades dos filhos em primeiro lugar, e o resultado disso é que seus gêmeos, Mia e Zach, são adolescentes felizes. Quando Lexi começa a estudar no mesmo colégio que eles, ninguém em Pine Island é mais receptivo que Jude. Lexi, uma menina com um passado de sofrimento, criada em lares adotivos temporários, rapidamente se torna a melhor amiga de Mia. E, quando Zach se apaixona por ela, os três se tornam companheiros inseparáveis.

Jude sempre fez o possível para que os filhos não se metessem em encrenca, mas o último ano do ensino médio, com suas festas e descobertas, é uma verdadeira provação. Toda vez que Mia e Zach saem de casa, ela não consegue deixar de se preocupar.

Em uma noite de verão, seus piores pesadelos se concretizam. Então a vida dá uma guinada, levando os personagens a viver sentimentos intensos – amor e ódio, culpa e perdão – que qualquer um de nós poderia experimentar. Uma decisão muda seus destinos, e cada um deles terá que enfrentar as consequências – e encontrar um jeito de esquecer ou a coragem para perdoar. O caminho para casa aborda questões profundas sobre maternidade, identidade, amor e perdão. Comovente, transmite com perfeição e delicadeza tanto a dor da perda quanto o poder da esperança.

"- Talvez você precise se quebrar um pouco, para poder se reconstruir.
- Tenho medo de não conseguir me reconstruir.
- Vai conseguir, sim. Você já está no caminho, Jude.
- E o que faço agora?
- Siga o seu coração." (p. 320)


fevereiro 24, 2017

[Livros] Todo Mundo Vê Formigas - A. S. King

Título Original: Everybody Sees The Ants
Autor: A. S. King
Editora: Gutenberg
Páginas: 240
Gênero: YA, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788582354117
Classificação★★★★★
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Um dos young adults mais impactantes sobre bullying, Todo Mundo Vê (as) Formigas de A. S. King deixou meu coração em pedaços. A forma como a autora mostra a dor do protagonista e nos transmite esse olhar fragilizado sobre sua própria existência é genial e profundo.

Narrada em primeira pessoa, a história do jovem Lucky - nome que contrasta diretamente com sua vida - é cruel e cheia de pontos de identificação com a de muitos adolescentes. O bullying, a falta de atenção dos pais, o despreparo dos profissionais ao seu redor, a dificuldade em encontrar ajuda e, principalmente, a solidão. As formigas que o garoto vê são as únicas "pessoas" que o compreendem e isso é muito triste.

A perspectiva do protagonista é completamente afetada por seus traumas psicológicos, portanto, a leitura envolve diversas nuances de instabilidade e imprecisão. Pouco do que o garoto conta pode ser considerado verdadeiro, mas tudo pode ser considerado sincero. Em muitos momentos, Lucky escapa de sua vida e vai para o mundo dos sonhos, onde seu avô é eternamente mantido prisioneiro de guerra. Lá, ele se sente seguro. E se um adolescente se sente mais seguro em um campo de prisioneiros do que em casa, sua vida deve ser mesmo um inferno. 

Em diversos momentos, o leitor pode se perguntar: como é possível que ninguém veja o que está acontecendo? Mas sim, as formigas estão lá o tempo todo, andando sob nossos pés e, ainda assim, mal as notamos. Os pais de Lucky, definidos maravilhosamente pelo garoto como tartaruga e lula, não tem tempo, nem sabem como ajudar o filho e, por isso, se escondem em um casco ou nadam o dia todo para fugir de seus problemas. 

Infelizmente, Lucky não consegue fugir de seus problemas, pelo contrário, eles o perseguem. Um valentão o tortura desde os primeiros anos do ensino fundamental e não importa o que faça, nunca é punido. As marcas que o brutamontes Nader McMillan deixou em Lucky estão, não só em seu corpo mas, principalmente, em sua mente e isso muda tudo o que o livro representa. 

O protagonista recebeu uma missão especial: resgatar seu avô. Harry Linderman está desaparecido desde a Guerra do Vietnã e a partir do momento em que a avó pede ao menino para tentar salvá-lo, ele começa a sonhar com o avô todas as noites. O sonho é sempre parecido e o avô sempre conversa com o garoto, aconselhando-o e protegendo-o. De uma forma fantástica, Lucky se conecta com alguém que pode salvá-lo e não o contrário. 

Sem dúvidas, Todo Mundo Vê Formigas aborda a loucura e a dor de uma maneira brutal. O sofrimento e solidão de Lucky estão nas entrelinhas, escondidos por trás de suas palavras e distorcidos em suas narrações. Com seu realismo fantástico, A. S. King me fez olhar para baixo e o que eu vi me deixou estarrecida: milhares de formigas choram por todas as crianças que sofrem e, assim como elas, também não são vistas.

"Depois da aula seguinte, fui para o meu armário e encontrei mais um questionário do suicídio lá dentro. Estava escrito: se você fosse cometer suicídio, qual método escolheria? A resposta era - em letras de forma maiúsculas com marca-texto preto: EU ME ALISTARIA VOLUNTARIAMENTE E ME DEIXARIA EXPLODIR POR UMA BOMBA DE UM TERRORISTA. TALVEZ AÍ MEU PAI PRESTASSE ATENÇÃO EM MIM." (p. 102)

Sinopse: A 1ª coisa que você precisa saber é que tudo o que eu fiz foi uma pergunta idiota. 

A 2ª coisa que você precisa saber é que essa pergunta idiota me trouxe muitos problemas com Nader McMillan, o cara que faz bullying comigo desde que eu tinha 7 anos. E uma semana atrás ele pegou bem pesado comigo. Foi aí que eu comecei a ver formigas. 

A 3ª coisa que você precisa saber é que meu avô Harry desapareceu durante a Guerra do Vietnã e nunca foi encontrado. Então, todas as noites, eu tento resgatá-lo da sua prisão na selva em meus sonhos. Mas nunca consigo. 

A 4ª coisa que você precisa saber é que minha mãe é uma lula e meu pai, uma tartaruga. Ela tenta afogar os seus problemas nadando o dia todo em uma piscina pública, e ele nunca está por perto e desaparece dentro da casca no primeiro sinal de confronto. Então, se juntarmos Nader McMillan, a minha pergunta idiota, vovô, e tudo o mais na minha vida, somos só eu e as formigas.

"Me escuta aqui. Eles podem até controlar o que você faz, mas ninguém pode mijar na sua alma sem sua permissão." (p. 183)


fevereiro 17, 2017

[Livros] A Cabana - William P. Young

Título Original: The Shack
Autor: William P. Young
Editora: Arqueiro
Páginas: 248
Gênero: Romance, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788580416343
Classificação★★★★★
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A Cabana de William P. Young foi um dos livros que mais mexeram comigo. A história, que envolve uma jornada espiritual  e pessoal fantástica, me comoveu e compreendeu minhas próprias crenças sobre o que nos dá vida. Narrando a dor da perda de um filho, o autor coloca dois diferentes pontos de vista e os envolve com um laço de amor e perdão. 

Li A Cabana há aproximadamente dez anos e, de lá pra cá, minha fé se transformou várias vezes. Independentemente da minha religião, o conceito abstrato por trás do livro de Young ainda se encaixa na minha própria concepção de Deus. Foi isso o que me atraiu para a leitura tantos anos atrás e é o que ainda faz deste best-seller um dos melhores no gênero. 

A narrativa traz a história de Mack, um homem que perdeu sua filha de maneira brutal e acabou abandonando sua fé. Os questionamentos que o pai faz são cheios de raiva, rancor e sede de vingança, afinal, sua pequena Missy foi tirada dele. Sua crença em Deus acaba se fragmentando, bem como sua vontade de viver. Sua família sofre com seu distanciamento e, assim, ele começa a perder também tudo o que lhe restou. 

Deus, em uma representação espiritual bíblica - a Trindade -, no entanto, também sente que perdeu um filho e decide marcar um encontro com Mack para mostrar-lhe que nunca o abandonou. Com uma carta, então, Deus o convida para voltar à cabana onde Missy foi morta e dois sentimentos opostos motivam esse reencontro: o ódio de Mack e o amor de seu Pai. 

De uma forma muito bonita e tocante, cada um dos membros da Trindade - que provavelmente só tomou essa forma por conta da própria crença bíblica do protagonista - é representado por um tipo de pessoa e, aos poucos, os três conquistam lugar no coração de Mack e tentam provar que eles nunca quiseram fazê-lo sofrer. 

Me emocionei muito com todas as metáforas, representações e desconstruções religiosas que permeiam a trama. William P. Young não fala em momento algum sobre religião, ele fala sobre fé e mesmo para uma agnóstica como eu que crê em Deus como uma força motriz, é palpável esse amor que nos move, que nos motiva a seguir em frente. Um amor que, infelizmente, não consegue nos salvar do sofrimento, mas que sempre vai nos ajudar a levantar quando cairmos.

"- Isso significa que todas as estradas levam a você? 
- De jeito nenhum. (...) A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar você."

Sinopse: Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa velha cabana.  

Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à cabana onde acontecera a tragédia. Apesar de desconfiado, ele vai ao local numa tarde de inverno e adentra passo a passo o cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.

Em um mundo cruel e injusto, A cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar nosso sofrimento?

As respostas que Mack encontra vão surpreender você e podem transformar sua vida de maneira tão profunda quanto transformaram a dele. Você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama.  Esta edição especial inclui um texto inédito do autor, relembrando os 10 anos de sucesso que marcaram a trajetória do livro e contando detalhes da gravação do filme. Além disso, traz um caderno de fotos com cenas da adaptação desta emocionante história para as telas do cinema.

"A escuridão esconde o verdadeiro tamanho dos medos, das mentiras e dos arrependimentos. A verdade é que eles são mais sombra do que realidade, por isso parecem maiores no escuro. Quando a luz brilha nos lugares que vivem no seu interior, você começa a ver o que são realmente."


fevereiro 15, 2017

[Livros] A Fúria e a Aurora - Renée Ahdieh (A Fúria e a Aurora #1)

Título Original: The Wrath and The Dawn
Autor: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt
Páginas: 336
Gênero: Romance, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788525060358
Classificação★★★★★
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Uma das melhores leituras do ano, A Fúria e a Aurora superou todas as minhas expectativas e provou-se uma verdadeira joia. Uma adaptação de As Mil e Uma Noites, clássica compilação de contos populares do Médio Oriente, o livro de Renée Ahdieb dá um ar contemporâneo à história de Sherazade e a transforma em algo diferente. De uma forma mágica, o primeiro volume dessa duologia nos transporta direto para terras longínquas onde segredos nascem e morrem a cada aurora.

Em uma edição fantástica, A Fúria e a Aurora parece misturar várias influências literárias para costurá-las numa bela colcha com detalhes. É possível identificar algo de A Bela e a Fera em meio as referências óbvias à história que originou o livro, além do jogo político que permeia a trama e está tão em evidência na literatura jovem. De uma forma harmônica, todos os elementos trazem um resultado tão incrível quanto mil sóis resplandescentes. 

A clássica história de Sherazade é recriada e reescrita a partir de sua própria protagonista, que possui o mesmo nome e o mesmo fardo de sua antecessora, mas tem motivações maiores. A Sherazade de Renée Ahdieh busca vingança e está disposta a fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. A inteligência e astúcia de uma jovem contadora de histórias também foram mantidas e a forma como ela se mantém viva, dia após dia, é genial.

Em busca de justiça pela morte da melhor amiga e tantas outras esposas que foram mortas pelo rei de Khorasan, Sherazade se voluntaria a casar com o assassino a fim de matá-lo quando tiver oportunidade. Ela abandona o amor de infância, Tariq, e sua família e parte em sua jornada de ódio e destruição. Exímia arqueira, a jovem, que é muito badass para os padrões da sociedade, jura que não morrerá na aurora de sua noite de núpcias, não será mais uma na longa lista de esposas enforcadas por Khalid.

O que ela não espera, no entanto, é se apaixonar pelo jovem rei. Apesar de todos os seus crimes, Khalid Ibn Al-Rashid é apenas um garoto que esconde um segredo e quando Sherazade vê que o marido pode não ser o monstro que ela pensava, as coisas se complicam. Tariq está obstinado a salvá-la das garras do poderoso líder, enquanto Khalid jura protegê-la acima de sua própria vida. Quantas vezes o coração de uma garota pode se fragmentar?

Com intrigas políticas, um triângulo amoroso intenso e uma dose de magia, A Fúria e a Aurora promete realizar os nossos mais profundos desejos e com eles destruir nossos sentimentos. Cada conto de Sherazade se une à sua própria trama e cada página une sua história ao leitor. É como se a autora nos contasse uma bela história todos os dias e o fim do livro fosse a nossa última aurora. Você vai desejar mais um dia, mais uma página.

"- Quando eu era uma garotinha em Tebas, lembro-me de ter perguntado para minha mãe o que era o céu. E ela respondeu: 'Um coração onde o amor duela'. É claro que então perguntei o que era o inferno. Ela me olhou bem nos olhos e disse: 'Um amor sem coração'." (p. 185)

Sinopse: Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado. 

Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga. 

Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto.

"- Numa noite clara, muitos anos atrás, assisti a milhares de estrelas caírem do céu. Eu era apenas um meninote, mas tinha um coração muito curioso, então resolvi correr atrás das estrelas deserto adentro, muito além do horizonte. Entenda, eu queria saber onde as estrelas iam quando caíam. Corri e corri até que não mais consegui. E mesmo assim não conseguia ver aonde as estrelas tinham ido. (...)
- Algumas coisas existem em nossa vida apenas por um breve instante. E nós as devemos deixar seguir para iluminar outro céu." (p. 255)


fevereiro 09, 2017

[Livros] Bela Distração - Jamie McGuire (Irmãos Maddox #1)

Título Original: Beautiful Oblivion
Autor: Jamie McGuire
Editora: Verus
Páginas: 304
Gênero: Romance, NA, Ficção
País: EUA
ISBN: 9788576863397
Classificação★★★★★
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Mais um excelente new adult de Jamie McGuire e mais um irmão Maddox para destruir qualquer tipo de esperança de encontrar um homem perfeito. Se nos livros anteriores, a autora já tinha conseguido mostrar que eles são mais do que corpos esculturais e gênio forte, desta vez, um dos garotos mais durões da família Maddox também vai se apaixonar. E quando isso acontece... é para sempre. 

Trenton é um dos irmãos mais intrigantes e poder conhecer sua história logo no primeiro spin-off da série Belo Desastre é um prazer. Os estereótipos e clichês que são a fórmula do sucesso da série, permanecem, mas Bela Distração destoa dos outros livros por seu final chocante. Poucas vezes me surpreendi tanto com uma revelação e, confesso, fiquei uns bons minutos encarando o nada, sem acreditar. 

Cami é uma bartender que tem uma vida complicada. A relação desgastada com os pais fez com que ela buscasse desde cedo sua independência e é no trabalho que ela encontra essa liberdade. Lá, ela conheceu seu namorado, T.J., um rapaz que mora na Califórnia e é obcecado pelo trabalho. A rotina dele inclui vê-la esporadicamente e o que era um namoro apaixonado acaba virando um relacionamento à distância.

Enquanto se decepciona cada vez mais com a ausência e indiferença de T.J., Cami esbarra no ex-colega de classe, Trenton Maddox. Com a fama que precede todos os irmãos Maddox, Trenton é o tipo de cara por quem Camille sabe que nunca deveria se apaixonar, mas o coração nem sempre faz o que deve e essa amizade vai colocar em jogo seu namoro e sua sanidade mental - claro.

A protagonista já havia aparecido nos livros anteriores, aliás, se há algo que Jamie McGuire sabe é construir pontes entre suas narrativas. Acontecimentos simultâneos estão presentes em todos os livros das duas séries e a diversidade de pontos de vista agrega muito à trama. 

Senti falta de um maior desenvolvimento dos dois personagens principais. Suas histórias cheias de complexidade, envolvendo uma família abusiva e traumas do passado foram mal aproveitados pela autora e acabaram ficando em aberto. O final intenso e chocante, no entanto, compensa as falhas que o livro deixa passar e apaga qualquer imperfeição no currículo dos badboys de Jim Maddox.

Um dos meus livros favoritos, Bela Distração me pegou distraída e destruiu meu coração. Se como Cami você não está pronta para amar duas pessoas ao mesmo tempo, não leia essa série. Afinal, amar cinco irmãos Maddox não é nada fácil. 

"(...) - Pode não fazer sentido para as pessoas de fora, e parece estranho mesmo quando ele tenta explicar, mas ele tem responsabilidades que são importantes.
- Você também é." (p. 132)

Sinopse: Cami Camlin é uma garota intensa e independente, dona do próprio nariz desde a época do ensino médio. Agora, cursando a faculdade e trabalhando como bartender no The Red Door, Cami não tem tempo para nada, até que uma viagem para visitar seu namorado é cancelada e, pela primeira vez em quase um ano, ela tem um fim de semana de folga. 

Trenton Maddox era o rei da Universidade Eastern. Os caras queriam ser como ele, as mulheres queriam domá-lo. Mas, depois de um trágico acidente virar sua vida de cabeça para baixo, ele deixa o campus para lidar com a culpa esmagadora. Um ano e meio depois, Trenton está morando com o pai e trabalhando em um estúdio de tatuagem para ajudar a pagar as contas. Justamente quando ele pensa que sua vida está voltando ao normal, nota Cami sozinha em uma mesa no Red Door.

Como a irmã mais velha de três caras de pavio curto, Cami acredita que não terá problemas para manter a amizade com Trenton no nível estritamente platônico. Mas, quando um Maddox se apaixona, é para sempre — mesmo que Cami possa ser a razão para que a já fragilizada família Maddox desmorone de vez. 

Em Bela distração, o leitor vai mergulhar novamente nas emoções do universo de Belo desastre, além de vislumbrar mais alguns momentos do casal mais amado da literatura new adult, Travis e Abby.

"- Você me apavorava.
Ergui uma sobrancelha. 
- Um dos garotos Maddox? Com medo?
Seu rosto se comprimiu.
- A gente já perdeu a primeira mulher que amou. A ideia de passar por tudo isso de novo nos apavora." (p. 269)

fevereiro 01, 2017

[Livros] O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida - Kate Eberlen

Título Original: Miss You
Autor: Kate Eberlen
Editora: Arqueiro
Páginas: 432
Gênero: Romance, Ficção
País: Reino Unido
ISBN: 9788580416213
Classificação★★★★★
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O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas é um belo e fiel retrato da vida de dois jovens sonhadores cujas vidas vivem se cruzando, sem nunca se encontrar. Se fosse possível resumir este livro em uma frase, eu usaria uma citação de David Mitchell, "nós cruzamos e recruzamos nossos caminhos como patinadores no gelo". Nossas escolhas nos colocam em vários lugares diferentes e o destino se encarrega de alinhar nossos caminhos com os de outras pessoas, no momento certo. Essa história fala sobre esses momentos em que o universo parece movimentar tudo e todos para nos conectar.

A narrativa complexa de Kate Eberlen acompanha cada fase da vida de Teresa e Angus, contando detalhadamente o que eles vivenciam e como tudo parece conspirar para que eles não se conheçam - ou o oposto. Em muitos momentos, a escrita da autora me pareceu prolixa e extremamente detalhista, mas no decorrer da trama percebi que os detalhes sempre foram o mais importante, afinal, qualquer minúcia pode interferir no resto de nossas vidas.

Partindo de um ponto em comum, esses dois adolescentes tiveram suas vidas mudadas de cabeça para baixo após tragédias que destruíram suas famílias. Tess perdeu a mãe para o câncer e Gus perdeu o irmão num acidente. Assolados pela culpa e pela falta que sentem dos que se foram, os dois vivem os anos seguintes tentando reconstruir suas vidas e reescrever seus futuros. 

Com uma ambientação fantástica, O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas é um daqueles romances que te transportam para outro país, especialmente se você já teve a oportunidade de estar lá. Cada descrição da bela Londres me levou as lágrimas, inundando meu peito com um sentimento de nostalgia e o título original do livro, "Miss You", teve um sentido único para mim. Dentro da narrativa, o "sentir falta" de que o título trata é o vazio do que nunca vivemos, o sentimento de que falta algo que não conhecemos ainda e que talvez nunca conheçamos. É buscar sem saber o quê. Os dois protagonistas sem completariam de mil maneiras diferentes, mas não são nada mais que estranhos e não representam nada além de vazio na vida um do outro.

A pressão para ser quem eles não são é algo que os dois têm em comum. Gus é pressionado para ser tão bom quanto o irmão era e Tess sente o peso de ter que criar a irmã de cinco anos como se fosse mãe dela. Enquanto suas vidas giram em torno de outras pessoas, consequentemente, sua felicidade também. Os anos passam e, por diversas vezes, eles se aproximam, estão no mesmo ambiente, na mesma festa, no mesmo bairro, se esbarram mas, ainda assim, não tomam consciência de suas existências.

Chega a ser triste pensar em quantas vezes já podemos ter esbarrado no amor de nossas vidas ou nos nossos melhores amigos sem que saibamos. É como se a vida nos desse inúmeras oportunidades todos os dias, mas nós as ignorássemos enquanto nos preocupamos com possibilidades que não vão se concretizar. O que há de triste e místico na forma como estamos ligados às outras pessoas é, no entanto, o que torna essas conexões tão reais. Talvez seja preciso um conjunto de circunstâncias para criar a atmosfera e o momento perfeito e esses fatores ainda estejam se alinhando, como os planetas. Assim, vamos nos desencontrando enquanto procuramos a nós mesmos.

"... Ocorreu-me que eu poderia voltar a Florença um dia, até mesmo morar ali, se quisesse. Nessa cidade histórica eu podia ser alguém sem história, a pessoa que eu quisesse ser, não importava quem fosse. Aos dezoito anos, esse pensamento foi uma revelação para mim." (p. 21)

Sinopse: Tess e Gus foram feitos um para o outro. Só que eles não se encontraram ainda. E pode ser que nunca se encontrem... Tess sonha em ir para a universidade. Gus mal pode esperar para fugir do controle da família e descobrir sozinho o que realmente quer ser. Por um dia, nas férias, os caminhos desses dois jovens de 18 anos se cruzam antes que os dois retornem para casa e vejam que a vida nem sempre acontece como o planejado.

Ao longo dos dezesseis anos seguintes, traçando rumos diferentes, cada um vai descobrir os prazeres da juventude, enfrentar problemas familiares e encarar as dificuldades da vida adulta. Separados pela distância e pelo destino, tudo indica que é impossível que um dia eles se conheçam de verdade... ou será que não?

O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida narra duas trajetórias que se entrelaçam sem de fato se tocarem, fazendo o leitor se divertir, se emocionar e torcer o tempo todo por um encontro que pode nunca acontecer.

"Por que tinha ficado tão óbvio que havia um mas? 
Suspirei. 
- Parece que não consigo me livrar dessa ideia estúpida de que deveria haver mais. Sei que as coisas por aí provavelmente não estão tão maravilhosas quanto imagino, mas quero descobrir isso por conta própria." (p. 237)


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